As Festas do Minibasquete, na prática o Torneio Interseleções de Paços de Ferreira, afirmam-se cada vez mais como um dos momentos mais marcantes do calendário da formação do basquetebol em Portugal.
A 13.ª edição terminou como começou: em ambiente de celebração. Há 15 anos consecutivos que Paços de Ferreira acolhe o maior evento nacional dedicado ao escalão Sub12, reunindo centenas de jovens num verdadeiro festival de Minibasquete.
Mais do que uma competição, o torneio é uma montra viva do trabalho desenvolvido pelas associações regionais e clubes ao longo da época. Trata-se de uma oportunidade única para observar novos talentos, diferentes estilos de jogo, identidades coletivas e, sobretudo, a seriedade com que cada estrutura se dedica ao minibásquete.
Hoje é evidente que quase todas as associações chegam a Paços com um plano de preparação sólido. Durante a época, promovem treinos regulares, jogos de preparação e participação em outros torneios, o que permite aos treinadores selecionar melhor os seus grupos e trabalhar melhor.
Este maior investimento Associativo refletiu-se claramente no desempenho técnico-tático das seleções, mas também na postura e no comportamento dos jovens atletas.
A manutenção do formato competitivo em 5x5, adequado e desafiante para esta faixa etária, cria um contexto real de jogo, onde sobressaem a capacidade de decisão, a leitura de espaços, a comunicação e o espírito coletivo.
Os jogadores aprendem, assim, a jogar com e para os colegas, a gerir tempos e ritmos do jogo, e a assumir responsabilidades, sempre dentro de um ambiente de aprendizagem saudável e alinhado com os valores essenciais do desporto de formação.
Trabalho local, impacto nacional.
Um dos principais motores do sucesso do Minibasquete em Portugal é o trabalho contínuo das Associações Distritais/ Clubes, que planeiam e executam atividades formativas com impacto técnico e pedagógico.
Neste torneio destacaram-se, nas associações de menor dimensão, Santarém, Açores, e Guarda, entre outros (Braga 3º feminino), como exemplos inspiradores de crescimento sustentado.
Santarém que já tinha brilhado com o título nacional Sub-14 Feminino pelo Chamusca Basket, e nas Festas Albufeira, junta agora a histórica final Sub-12 em Paços de Ferreira, fruto de um trabalho coordenado e qualificado.
Nos Açores, o Torneio do Faial revelou talentos locais que confirmaram o seu valor no Interseleções (4 vitórias e apenas 1 derrota por 1 ponto), destacando a qualidade do projeto feminino, mesmo com as dificuldades da insularidade.
Já a Guarda, com recursos limitados, alcançou um notável 5.º lugar graças à dedicação do treinador Daniel Branquinho.
Estes casos provam que, com visão, trabalho acertado e compromisso, é possível evoluir tecnicamente e competir ao mais alto nível, mesmo em contextos pequenos.
O Torneio das Festas do MB mostra que o verdadeiro triunfo está na formação dos treinadores com qualidade e paixão, em todo o território nacional.
Novas dinâmicas, velhos desafios.
Após o término da época federativa, o basquetebol de formação em Portugal continua com torneios, campos de treino e eventos que reúnem muitos jovens entusiasmados. Esse movimento reflete o esforço conjunto de clubes, associações e entidades privadas.
Fundamental nesse processo é o papel do Diretor Técnico Nacional, Bruno Cazeiro, que lidera o Minibasquete Federativo com organização, proximidade e suporte técnico.
A FPB definiu orientações estratégicas para o desenvolvimento estruturado dos jovens atletas, visando a melhoria da qualidade do jogo e do jogador português., oferecendo aos treinadores um guia sobre prioridades, objetivos e conteúdos adequados a cada etapa do crescimento desportivo.
Outro agente importante nesta fase de renovação tem sido o projeto Basquetebol de 5 Estrelas, que não se limita à organização de campos e torneios, mas tem assumido também uma vertente de divulgação técnica e jornalística, através de um site 100minis , atualizado com notícias, análises e uma área técnica rica em conteúdos especializados. Ali, os treinadores portugueses podem aceder a documentos de referência internacional, com contributos de alguns dos melhores especialistas mundiais da modalidade, facilitando a aprendizagem contínua e o contacto com novas ideias.
A este esforço juntam-se também outros podcasts, canais digitais e sites independentes, que alimentam o ecossistema do minibasquete tranquilo português com reflexões, entrevistas, testemunhos e perspetivas de treinadores, jogadores e dirigentes. Até mesmo o site oficial da Federação Portuguesa de Basquetebol tem vindo a registar uma evolução positiva em termos de conteúdos, com mais notícias, cobertura de eventos e atenção às várias vertentes do jogo.
Apesar destas melhorias, há ainda muito por fazer. O minibásquete, enquanto base da pirâmide do basquetebol nacional, precisa de mais apoios concretos, nomeadamente ao nível financeiro e logístico. As estruturas locais trabalham com paixão, mas muitas vezes sem os meios necessários para expandir e qualificar a sua ação. Não é apenas uma questão de boa vontade ou vocação, é uma questão de prioridades. E se o objetivo for realmente fortalecer o basquetebol nacional a longo prazo, então o apoio ao minibásquete deve estar entre os primeiros pontos da agenda estratégica das direções da FPB.
Conclusão:
A base do basquetebol português está ativa, com treinadores motivados e jovens empenhados em jogar, faltando apenas o apoio institucional mais consistente para acompanhar essa energia.
As XIII Festas Nacionais do Minibasquete demonstram que o futuro da modalidade se constrói com paixão, dedicação e trabalho em equipa.
A competição formativa, quando bem orientada, é essencial para o desenvolvimento integral dos jovens, proporcionando desafios reais que promovem decisões rápidas, controle emocional e adaptação.
Competir de forma pedagógica e inclusiva estimula a motivação, o respeito, a humildade e a cooperação, enquanto não competir ou competição mal pode prejudicar o crescimento a todos os níveis dos atletas.
O papel dos treinadores é garantir que a competição seja um meio de aprendizagem, focada no desenvolvimento técnico, tático, emocional e humano, dos jovens valorizando obviamente mais o processo que o resultado.