Diz o Prof. Jorge Araújo:
"Partilhar e ajudar os outros a melhorar competências foi uma constante na minha vida de treinador. Como meio preferencial, escolhi escrever."
Tive a felicidade de cruzar caminhos com um trio de Mestres que marcaram a minha trajetória: o Prof. Mário Lemos, o Prof. Teotónio Lima e o Prof. Jorge Araújo.
Desde cedo, sempre fui crítico e continuo a ser em relação à forma como se dirige a modalidade no aspecto técnico e até mesmo com os Mestres nunca os deixava de questionar sempre que não entendia algo ou quando não concordava. Lembro-me inclusive que um deles me disse um dia:
"Prefiro aturar-te a ti do que aqueles que apenas acenam com a cabeça a tudo o que digo. Para te responder, preciso de me preparar."
Com eles, aprendi imensamente, e se cheguei aonde estou hoje, muito lhes devo. Uma das frases que mais repetiam nunca me saiu da cabeça: "Quem deixa de aprender não pode ensinar." Essa mensagem, atribuída ao lendário John Wooden, enfatiza a importância da aprendizagem contínua. Para ele, a busca incessante por conhecimento era essencial tanto para o sucesso quanto para a liderança. Outra citação marcante que reforça essa ideia é: "É o que você aprende depois de saber tudo que realmente importa."
Para mim sempre foi claro ou não fosse professor toda a vida: Quanto mais ensino, mais aprendo. O ato de ensinar não apenas transmite conhecimento, mas também o reforça e aprofunda. Essa ideia, embora não tenha um único autor, foi expressa por diversos pensadores ao longo da história. Paulo Freire, renomado educador brasileiro, afirmou: "Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender." Guimarães Rosa, grande escritor brasileiro, disse: "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." Já o filósofo romano Sêneca sintetizou essa relação ao afirmar: "Enquanto ensinamos, aprendemos." Essas reflexões mostram que o ensino e a aprendizagem são processos indissociáveis, onde ensinar é, inevitavelmente, uma forma de continuar a aprender e evidenciam a natureza bidirecional do processo educativo, em que ensino e aprendizagem se complementam de forma contínua.
Frequentemente digo aos meus formandos da ENB: "Ensino só a quem quer aprender." Essa frase reflete a importância do interesse e da disposição do aluno no processo de aprendizagem. Ensinar vai muito além da simples transmissão de conhecimento; para que o aprendizado seja significativo, é essencial que o aluno esteja envolvido, curioso e comprometido. Assim não adianta tentar ensinar a Treinadores que não querem ouvir, pois o verdadeiro aprendizado exige participação ativa e esforço do mesmo. Como bem afirmou Paulo Freire: “ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas criar condições para que ele seja construído”.
O papel do professor não é impor o saber, mas despertar no aluno a vontade de aprender. E isto é verdade na escola e no basquetebol também.
Afinal, o conhecimento só se concretiza quando encontra um “aprendiz” disposto a recebê-lo e transformá-lo.
Uma Vida Dedicada ao Basquetebol e ao Conhecimento
Mantenho atualizado o site 100mins.pt, que reúne a maior base de dados técnicos do Minibasquete. Paralelamente, o site Coach Mário Silva continua ativo, e sigo publicando regularmente no X e no Facebook, mantendo uma plateia de seguidores atentos. Mais recentemente, descobri o Substack, uma plataforma que proporciona um novo nível de intervenção e onde já reúno 310 seguidores atentos às minhas partilhas.
Na RTP, como comentador, o meu objetivo é explicar o jogo a quem ainda não o compreende, deixando de lado os especialistas dos "flares" e dos "stagers", que já julgam saber tudo.
Os clinics e os campos são parte essencial da minha atividade, permitindo-me um contacto direto com jogadores e treinadores.
Em breve, pretendo reunir em livros, a publicar provavelmente no Substack , organizados por temas, tudo o que escrevi ao longo de uma vida inteiramente dedicada ao basquetebol. Além disso, já consegui publicar o livro sobre o Passo Zero, fruto de anos de estudo e dedicação à divulgação do Artigo 25 das Regras.
Lecionei cursos de formação durante muitos anos e, no tempo do basquetebol profissional, tive a oportunidade de trabalhar com grandes referências do basquetebol nacional, como o Prof. Teotónio Lima, o Prof. Jorge Araújo, o Eng. Adriano Baganha e o Prof. Eliseu Beja, sob a coordenação do então DTN, Prof. Manuel Fernandes, hoje presidente da FPB.
Fui responsável pelos antigos apontamentos técnicos dos graus 2 e 3, mas, por razões que bem conheço e que nem vale a pena recordar, fui relegado para o grau 1, onde, ainda assim, continuei a trabalhar com a qualidade reconhecida pelo ex-diretor da ENB, Prof. Jorge Fernandes. Fui também o autor dos Manuais do Grau 1, um trabalho árduo, sempre com o objetivo de alinhá-los com a realidade do basquetebol moderno.
Atualmente, como coordenador dos cursos ENB, esforço-me para manter os formandos motivados — e, para isso, nada melhor do que muito e bom trabalho. Sei que alguns coordenadores se queixam do meu nível de exigência, alegando que “aperto” demasiado com os formandos e que peço sempre mais trabalhos. Sim, é verdade. Aprendi assim com o Prof. Teotónio Lima, que costumava dizer: "Ser treinador não é para todos, mas sim para os que sobrevivem." No seu tempo, apenas uma minoria conseguia passar nos cursos, em contraste com a realidade atual, onde quase todos são aprovados.
Felizmente, tenho bons alunos que reconhecem o meu trabalho. Como me disse recentemente um dos mais aplicados:
"Agora o Professor, com os 'rookies', vai-se sentir mais útil a passar conhecimento e experiências."
Agradeço todas as mensagens de reconhecimento e o apoio que tenho recebido ao longo deste percurso. Continuarei a partilhar, a ensinar e, acima de tudo, a aprender.