Como devo organizar sessões treino eficazes para grupos heterogéneos?
Promovendo a evolução.
Organizar um treino de basquetebol para escalões de formação com grupos heterogéneos exige planeamento, flexibilidade e criatividade.
O primeiro passo é definir objetivos claros, adaptados a diferentes níveis de competência — Básico, Intermédio e Avançado — garantindo que cada jogador tenha metas individuais.
O treinador deve reforçar positivamente os progressos, promovendo cooperação e motivação.
Os exercícios mantêm-se os mesmos, mas as exigências variam consoante o nível, tornando o treino fluido e permitindo que os atletas visualizem o próximo passo, o que os motiva a evoluir.
No nível Básico, trabalha-se a confiança nos movimentos simples; no Intermédio, decisões em contextos dinâmicos; e no Avançado, situações reais de jogo com foco na velocidade e adaptação.
Este modelo progressivo reforça a sensação de conquista pessoal, proporcionando um caminho claro de evolução.
Assim, os treinadores equilibram o desenvolvimento individual e coletivo, criando um ambiente produtivo e motivador.
A literatura desportiva aborda este tema de forma significativa.
Autores como Ramos (2008), José Carlos de Almeida Moreno (1998) e Jorge Olímpio Bento (1999) destacam a importância de uma abordagem pedagógica estruturada e progressiva no ensino do basquetebol.
O treino deve ajustar-se ao nível de desenvolvimento dos atletas, promovendo um ambiente inclusivo e desafiador.
Ramos sublinha a adaptação dos exercícios às diferentes fases de aprendizagem para otimizar o progresso individual e coletivo.
Moreno reforça a necessidade de uma sequência pedagógica eficaz no ensino do basquetebol, essencial para a formação dos jovens.
Bento e colaboradores focam-se em metodologias que combinam compreensão tática e técnica, garantindo que a aprendizagem seja coerente e contínua.
Esta estrutura pedagógica mantém os atletas motivados, criando um equilíbrio entre evolução técnica e fortalecimento coletivo, promovendo o desenvolvimento global dos jogadores.
David Cárdenas, professor da Universidade de Granada e especialista em minibasquete, tem sido uma referência no campo, abordando a importância de adaptar os treinos às diferentes fases de desenvolvimento dos jovens atletas.
David Cárdenas, em 2024, destacou na formação "Como ensinar a competir sem deixar de formar!" a importância de ajustar objetivos ao nível de cada jogador, equilibrando esforço e recompensa num ambiente competitivo saudável. No Clinic Internacional de Cantanhede (2019), reforçou a necessidade de uma progressão pedagógica estruturada, permitindo que jovens atletas desenvolvam competências técnicas e táticas ao seu ritmo. Cárdenas defende a consistência nos exercícios, adaptando as exigências conforme os níveis de habilidade para garantir treinos organizados e motivadores.
Já Toni Carrillo, treinador espanhol e autor de El básquet a su medida, aplica esta metodologia no Campus Internacional Imortal Basket, organizando os treinos em níveis — Básico, Intermédio e Avançado.
Ambos promovem um desenvolvimento equilibrado, onde cada jogador vê um caminho claro de evolução, fortalecendo a formação técnica e tática de forma gradual.
"Da Formação à Prática: O Microciclo da Mariana Carvalho nos Sub-10"
Nos cursos de Nível 1 da ENB, este tema foi abordado, refletindo a realidade da maioria dos clubes.
Ao longo do tempo, tenho identificado jovens com talento para a função de treinador, como a Mariana Carvalho, que já demonstra a capacidade de aplicar, na sua equipa de Sub-10, muito do que aprendeu durante o estágio.
Como exemplo, partilho um dos microciclos da sua equipa que integra esquemas motores básicos, o desenvolvimento das capacidades coordenativas e o trabalho técnico-tático fundamental.
Estrutura Progressiva e Objetivos Claros.
No treino nº 36, com a duração de 1 hora, as treinadoras Mariana Carvalho e Beatriz Campos, juntamente com as monitoras Filipa e Marina, definiram objetivos claros para a Unidade de Treino.
Os objetivos focaram-se no desenvolvimento de esquemas motores básicos e capacidades coordenativas, como a dupla tarefa e dissociação dos membros inferiores, bem como passe em situações dinâmicas e desmarcação em jogo.
A organização incluiu aquecimento coletivo, parte fundamental por níveis e retorno à calma em conjunto, com um jogador liderando a última etapa.
A treinadora principal conduziu o aquecimento e orientou os níveis mais avançados, enquanto monitoras apoiaram o nível introdutório.
Utilizaram bolas de basquetebol e cones na parte fundamental, mas nenhum material no aquecimento.
Esta estrutura bem definida permitiu um treino organizado (Link), adaptado ao nível de cada atleta e alinhado com os objetivos pedagógicos propostos.
Aplicação Prática do Treino
Houve dois momentos distintos: o Convívio (manhã, nível introdutório) e o Torneio (tarde, nível avançado).
Objetivos do Convívio:
Aplicar a tomada de decisão (passe ou drible)
Trabalhar o ressalto
Entender os momentos de defesa e ataque
Acompanhar o atacante defensivamente
Estimular a criatividade nas finalizações
Objetivos do Torneio:
Aplicar a tomada de decisão (passe, drible, lançamento)
Trabalhar o ressalto
Manter o enquadramento defensivo e recuperar em caso de ultrapassagem
Sair em contra-ataque e jogar a ritmo elevado
Fomentar a criatividade nas finalizações
O foco esteve na aplicação prática dos conceitos trabalhados em treino, avaliando durante os jogos se os objetivos propostos foram atingidos.
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Bibliografia.
Ramos, V. (2008). O treino do basquetebol na formação desportiva de jovens: estudo do conhecimento pedagógico de treinadores. [Dissertação de Doutoramento, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto].
Moreno, J. C. de A. (1998). A disciplina basquetebol e a formação de professores de Educação Física. [Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas].
Ferreira, H. B. (2009). Pedagogia do esporte: identificação, discussão e aplicação de procedimentos pedagógicos no processo de ensino, vivência e aprendizagem da modalidade basquetebol. [Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas].
Cárdenas, D. (2024). Como ensinar a competir sem deixar de formar! [Formação organizada pela Associação de Basquetebol do Porto, Porto].
Cárdenas, D. (2019). A construção do jogo coletivo ao longo do processo formativo. [Clinic Internacional de Cantanhede, Cantanhede].
Carrillo Ruiz, A., & Rodríguez Díaz, J. (2003). El básquet a su medida. Paidotribo.